Hoje em dia parece ser uma grande afronta alguém ser generoso, carinhoso e amoroso com certas mulheres. Tudo isso, porque elas não estão dispostas a receber, elas querem conquistar tudo com as suas próprias mãos.
Dar flores? Abrir a porta do carro? Segurar a porta para ela passar? Ser cavalheiro? Para as feministas isso é coisa do passado. Mas a verdade é que, a receptividade é a virtude de grandes mulheres!
Há quem viva hoje com a ilusão de ser totalmente dependente. Quem acredita não precisar de ninguém está cego para a realidade. Até mesmo este aparelho eletrônico que você está usando para ler esse artigo chegou até as suas mãos pelo trabalho de muitas outras pessoas.
Nós somos gerados e nascemos totalmente dependentes de nossos pais, e ainda mais dependentes de Deus que nos deu a vida e sustenta todo o nosso ser. Se Deus quisesse, o mundo todo deixaria de existir nesse exato momento.
É claro, que com o passar dos anos vamos adquirindo força e autonomia e abandonando certas dependências, se não, viramos eternas crianças e de modo algum queremos defender a infantilização neste artigo.
A questão é que, ao negarmos completamente o ato de receber, estamos sendo presunçosos, pois a vida do ser humano consiste nessa relação com as criaturas e com o Criador. Apesar de nascermos sozinhos, e sermos únicos no mundo, nosso coração deseja a comunhão e é somente assim que o homem se completa.
As feministas hoje militam e dizem que as mulheres não devem receber nada de ninguém, devem lutar por elas, conquistar as coisas por elas, tudo por elas, e assim, elas se afundando em um egoísmo sem fim.
Não à toa, quando elas se deparam com a figura da Virgem Maria, seu sangue ferve. Pois lá está uma Mulher que se colocou na posição de receber tudo o que Deus queria entregar a ela:
“Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a Vossa Palavra” (Lc 1, 38).
Para as feministas isso é sinônimo de opressão, para nós é a verdadeira liberdade e felicidade, e eu posso explicar porque.
Em Gênesis temos o exemplo de outra figura, Eva, que ao contrário de Maria Santíssima, não quis receber o dom de Deus. Quando Deus Pai advertiu Eva sobre o fruto proibido, Ele não a estava aprisionando, mas ao contrário, Ele estava colocando em suas mãos a escolha de ser escrava ou livre. Pois, veja bem, Deus queria entregar tudo de si para Adão e Eva, sem restrições, Ele desejava que seus filhos participassem livremente do seu amor, e para ser livre, eles também deveriam desejar isso.
O contraponto que Deus colocou para que o homem escolhesse o Amor foi a árvore do bem e do mal. Eva poderia escolher entre: receber o dom de Deus, ou “ser como deus”, um deus com “d” minúsculo. Essa história nós já conhecemos, ao invés de receber o dom, Eva quis se apropriar dele, e o pecado entrou no mundo. Mas, Nossa Senhora, ao receber tudo de Deus, desatou o nó dessa desobediência.
Aristóteles afirmava que o homem é superior a mulher porque ele é ativo e a mulher é passiva. De fato, a passividade é inferior à atividade, mas não podemos nos referir a isso quando o assunto é: RECEPTIVIDADE.
Pois, apesar da característica passiva — de receber — esse dom próprio da feminilidade não acaba aí, pois, como escreveu Alice Von Hildebrand em “O Privilégio de ser Mulher”, a virtude da receptividade é também a autodoação da mulher.
É lindo quando entendemos esse dom maravilhoso que Deus concedeu especialmente para nós, o de receber e transformar. Quando a mulher se doa para o seu marido, e ele a ela — por exemplo — vemos claramente esse dom em ação. Pois daquela fertilização, a mulher torna-se um templo da vida, onde Deus sopra e concede a vida a um novo ser que será gerado! Como tão belo dom pode ser considerado inferior e até combatido?
Nossa Senhora também, ao receber tudo de Deus e participar de Seu Santo Sacrifício, tornou-se co-redentora da humanidade.
Meus caros e caras, não lutemos contra toda a beleza e verdade do que realmente somos, isso é tolice.
Muitas situações na vida podem até enfraquecer a nossa esperança, mas negar os dons próprios da masculinidade e da feminilidade de cada homem e mulher só nos afunda em um vazio existencial cada vez maior.
Que possamos ser homens e mulheres de verdade!