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O que é a Pequena Via de Santa Teresinha?

Salve Maria, rainha dos humildes!

Muito tem-se ouvido a respeito da Pequena Via de Santa Teresinha, mas a pergunta é: você a conhece como ela é?

Vemos que há um desentendimento e, até mesmo, uma distorção acerca da Doutrina Teresiana. “Coisa de garotinha mimada”, “isso não é coisa pra mim não”, “a pequena via consiste somente em fazer pequenas coisas” são exemplos de coisas que escutamos acerca da riquíssima via do amor.

Certamente que a Pequena Via perpassa pelo ensinamento de Nosso Senhor que diz “Aquele que é fiel nas pequenas coisas será também fiel nas coisas grandes” (cf. Lc 16,10); pois, de que vale as grandezas deste mundo, se perdermos a Vida Eterna? Santo Agostinho, Bispo e Doutor da Igreja, enfatiza este ensinamento: “Ser fiel no mínimo é algo de grande. Queres ser grande? Começa com o mínimo”. Que as pequenas coisas são importantes não há dúvidas, mas a questão é que não se define a Pequena Via de Santa Teresinha como, apenas, o cuidado com as pequenas obras. Antes de manifestar-se no exterior, a Pequena Via movimenta o interior.

Do ponto de vista etimológico, “pequeno” tem origem na palavra latina “pittittus” ou “pittinus”, de uma base expressiva “pitt-“, usada para expressar a qualidade de se ter um tamanho reduzido. Por sua vez, a palavra “via” tem sua origem no latim “via”, e significa “estrada, caminho”. A união destas nos remete ao “caminho de apequenamento” ou “apequenar-se”.

Santa Teresa de Lisieux descobre, ao decorrer de sua breve vida terrena, que o doar-se para Deus não se dá, somente, naquilo que é grandioso e do conhecimento de todos. Esta apequenada alma descobre que é no rebaixamento da cotidianidade que se manifesta o verdadeiro amor à Deus.

Apequenar-se está além de buscar apreço às pequenas obras; apequenar-se é fazer-se pequeno, ou melhor, deixar Deus nos apequenar. A alegria da alma pequenina está em humilhar-se e rebaixar-se, virtuosamente e com amor, para que se revele a majestade do Amor dos amores. É um movimento de dentro para fora, do interior para o exterior.

A “pequena via” ajudou Teresinha a entregar-se como verdadeiro holocausto de amor pela salvação das almas. É incrível que, sem jamais ter lido Santo Tomás de Aquino, ela tenha entendido que o que santifica as almas não é a grandiosidade dos atos, mas a intensidade com que cada ação é praticada, de maneira que uma pequena ação pode converter-se numa grande declaração de amor a Jesus e ao próximo.

A intuição de Teresinha levou-a a apresentar-se à misericórdia divina com as mãos vazias. Vendo-se pequena e incapaz de qualquer mérito, olhando para os grandes santos e enxergando a sua miséria, ela simplesmente recorreu ao amor misericordioso de Cristo para que Ele mesmo realizasse a sua santificação. “O elevador que deve elevar-me até o Céu”, dizia Teresinha, “são vossos braços, ó Jesus” (cf. Manuscrito B, 3v).

Na verdade, Teresinha apenas compreendeu que o amor perfeito é o amor misericordioso. Afinal de contas, Deus deseja almas de mãos vazias para que Ele possa derramar-se inteiramente sobre elas. Ele não quer ser obrigado a amar por justiça, a gratificar-nos segundo nossos méritos. Ele quer derramar-se de uma maneira inteiramente gratuita e inesperada, deseja entregar-se totalmente, de modo que Teresinha via que não precisava mais crescer, mas permanecer pequena (cf. Manuscrito B, 3v).

Essa espiritualidade de Teresinha produz a virtude da humildade e da magnanimidade. Colocando-nos humildemente aos pés de Deus, com as mãos vazias, admitimos nossa miséria e incapacidade para todo bem. Por outro lado, confiamos que nossa santificação é obra de um Outro, o qual não pode inspirar desejos irrealizáveis. ¹

A Pequena Via é uma viagem que se trilha com humildade, subindo o Calvário para abraçar a Cruz com o Crucificado. Este é o caminho da santidade que a alma Filoteia, amante de Deus, deve viver. Santa Teresinha nos ensina: “Deus não poderia me inspirar desejos irrealizáveis, portanto, posso, apesar da minha pequenez, aspirar à santidade”. Afinal, o próprio Senhor nos suplica: “Sede santos, porque eu sou santo!” (cf. 1Pd 1,16).

Santa Teresa de Lisieux, rogai por nós.

Referências:
[1] Padre Paulo Ricardo

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