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Não confunda carência com amor

Salve Maria Puríssima!

Será que as experiências originais do homem podem iluminá-lo hoje? Vamos conferir nesse artigo o que a “solidão originária” tem a nos ensinar com relação a carência. 

Podemos notar que no relato de Gênesis, após ter realizado a obra da sua criação, Deus diz: “Não é bom que o homem esteja só” (Gn 2, 18). Ou seja, Adão estava se sentindo sozinho, mesmo diante da esplendorosa criação de Deus, da variedade imensa de plantas e animais.

“O homem pôs nomes a todos os animais, a todas as aves do céu e a todos os animais do campo; mas não se achava para ele uma auxiliar que lhe fosse adequada.” (Gn 2, 20)

Que solidão é essa? Será que a compreendemos de fato?

A solidão originária, essa primeira solidão do homem, não é o tipo de solidão que estamos acostumados a ouvir falar sobre. Não é aquela solidão de estar “na bad” por não ter ninguém ao seu lado no dia dos namorados. É algo muito mais profundo do que isso. 

Adão se sentia sozinho por não ter alguém do seu lado para amar. Amar de verdade. Pois amor não é suprir as próprias necessidade de afeto, ou sentir grandes sensações. Amar é se doar, e Adão não encontrava ninguém que fosse semelhante a ele para poder dividir o dom de amar. Ao seu redor ele tinha os animais, mas estes são escravos dos próprios extintos, não são capazes de amar como o homem, que possui alma. 

A experiência original de Adão vem nos mostrar algo que faz parte da essência humana, não podemos ficar centrados em nós mesmos, precisamos nos doar, sair de nós, precisamos amar para sermos completos. Do contrário, nos sentiremos sozinhos e sem sentido de viver.

“O dom revela, por assim dizer, uma característica particular da existência pessoal, ou antes, da própria essência da pessoa. Quando Deus diz que ‘não é bom que o homem esteja só’ (Gn 2, 18), afirma que ‘sozinho’ o homem não realiza totalmente esta essência. Realiza-a somente existindo ‘com alguém’ — e ainda mais profundamente e mais completamente: existindo “para alguém” – Conselho Pontifício para a família – Sexualidade Humana: Verdade e significado

Entretanto, a “solidão” de que tanto se escuta falar hoje não é semelhante a essa solidão de Adão, mas é uma solidão egoísta, que se voltando para si, deseja que o outro preencha as suas necessidades. Essa carência muitas vezes é confundida com amor, mas quem ama deseja se doar pelo outro, se sacrificar e amar, como podemos contemplar no glorioso exemplo de Nosso Senhor Crucificado. O carente não, o carente quer somente tudo para si, como se dentro dele existisse um vazio sem fim que quanto mais pede do outro ainda mais irá pedir. 

A carência só pode nos levar para o fundo do poço, nos afundar ainda mais. Só correspondendo a nossa própria essência é que seremos capazes de amar verdadeiramente, de forma responsável e madura.

Portanto, que possamos deixar essa vida carente e sem sentido para viver uma vida nova de amor e doação! 

“Amar é tudo dar e dar-se a si mesmo” (Santa Teresinha do Menino Jesus)

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