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Santa Leitura “Teu amor cresceu comigo”

Seja bem vindo a um resumo do Apostolado Santa Leitura!

Hoje, trazemos sobre o livro “Teu Amor cresceu comigo” do Beato Maria Eugênio

O livro foi escrito pelo Beato, que desde sua infância no seminário vivia uma experiência com os escritos de Santa Teresinha, e por eles foi moldado. Por muitos ele é conhecido como maior especialista teresiano.

A Madre da Santa, Inês de Jesus disse certa vez:

“Nunca vi alma que se assemelhasse tanto a da minha irmãzinha como o Bem-Aventurado Maria Eugênio”.

Fica claro que, a exposição não substitui a leitura do livro, mas é um impulso para que a alma a busque e tenha acesso a um santo conteúdo. Boa leitura!

 

1-

A espiritualidade da época da Teresa é chamada pelo autor de “século XIX”: via-se Deus sobretudo como Justiça.

Santa Teresa nasceu 84 anos após a Revolução Francesa, a qual deixou almas espiritualmente feridas, os problemas foram tamanhos que os votos solenes foram extinguidos. A espiritualidade asceta predominava para a preservação das almas. Pós-revolução havia entre os religiosos um “sentimento de culpabilidade”, via-se então nas vocação Carmelita uma possibilidade de reparar o Coração de Jesus. No Carmelo de Lisieux havia a Madre Maria de Gonzaga, que era mais austera, nessa tendência também era a Priora de um certo convento que quando foram ler no refeitório História de uma alma bateu na mesa dizendo “Fechem este livro, nesse Carmelo não se leem essas pieguices”. Também havia as Madres Genoveva e Inês, de formação salesiana, tendo grande primazia no amor.

Santa Teresa foi a nona e última filha, com quatro anos de idade perdeu sua mãe, que estava doente já há alguns anos, no nascimento de Teresa sua mãe já tinha câncer nos ossos, que a fazia sofrer muito. Do momento em que sua mãe falece em diante, a Santa “muda de temperamento”, chora muito e depois chora por ter chorado (cf. Man A 13r e 44v), antes ela era tão alegre e expansiva, agora é tristonha e retraída. No seio da família ainda se expande, mas fora dela a tristeza domina.

Sua segunda provação foi uma frustração afetiva: quando sua mãe morreu, Celina (sua irmã) escolheu Maria(outra irmã, mas mais velha) como “nova mãe” e Teresinha então, escolheu Paulina (uma irmã, também mais velha) como sua “nova mãe” . A Santa certa vez contou a Paulina que gostaria de entrar no Carmelo e Paulina a disse que também gostaria e que iria esperá-la para entrarem juntas.

Paulina esqueceu tal promessa feita a criança, que por uma conversa descobre que Paulina iria entrar em breve no Carmelo, o que a mergulhou Teresa em total angústia, porque além da “promessa quebrada”, ela que já havia perdido a mãe, agora perderia a mãe substituta. E, então, surge a estranha doença (cf. Man A 28v), que não é nada mais que uma neurose resultante da frustração. Na Tomada de Hábito da Irmã Inês (nome que Paulina adere ao entrar para o Carmelo) é então preciso deixá-la de cama. Tratam de sua doença sem saber do que se trata. Seu pai, faz uma novena para Nossa Senhora das Vitórias pela filha e a estátua de Nossa Senhora colocada sob a lareira, certo dia, sorri para Teresa, a qual não foi totalmente curada, mas depois deste sorriso a doença está como que dominada, a cura definitiva só será na graça do Natal. Teresa retoma então, os estudos com uma professora particular, ela tinha um desenvolvimento mediano: muita dificuldade em matemática e mais ou menos redigia os deveres de redação, com uma certa nota infantil, um pouco retardada do ponto de vista psicológico.

A graça do Natal aconteceu em 1886, Teresa tinha 13 anos. Na volta da Missa da meia-noite, ouve o seu pai dizer diante dos sapatos de Natal que colocara na lareira “Espero que seja o último ano”, por que Teresa (que era a caçula) já estava muito velha para brincar de papai noel, Celina (sua irmã) ouvindo isso pensou “Meu Deus, que dilúvio de lágrimas isso irá provocar”, todos estão acostumados com o que depois foi avaliado e intitulado de psiquismo ferido. Celina pede que Teresa não desça as escadas até onde estava seu pai, mas Teresa desce. E ela está totalmente curada, instantaneamente, simplesmente não chora e sabe lidar com a situação. Ela chama essa graça de “torrente de luz”, a partir de então deixa de chorar. Ela põe-se a estudar e diz aprender mais que em todos os anos passados. Nessa data ela decide definitivamente entrar ao Carmelo, e desejava já passar o próximo Natal lá.

E, então ela vai atrás de um padre para pedir autorização para entrar no Carmelo, o qual não quer ajudar e a encaminha para o bispo. Esse mesmo padre, no dia de sua tomada de hábito, depois de um bom tempo, diz às irmãs “(…) As senhoras quiseram esta criança, aí está ela. Faço votos que a comunidade não venha a se arrepender.” Ela vai até o Bispo, e como ele fica em dúvida ela declara que irá falar com o Papa, e efetivamente faz isso! O que mostra uma transformação total da inteligência e da vontade.

Como prova da graça recebida no Natal, ela pede a Nosso Senhor pelo arrependimento de um assassino, o qual ela havia lido no jornal “A Cruz” que havia se recusado a receber o padre. Lê então, dias depois, que antes de entregar o pescoço a guilhotina, o assassino Pranzini, beijou o crucifixo que estava na mão do Padre três vezes, eis a prova do amor de Deus por ela!

Quando pediu Teresa ao Papa para entrar no Carmelo ele a devolveu a seus Superiores, que após a permissão ainda a fizeram esperar. Entrou na Clausura dia 9 de abril de 1988. Quando entra no Carmelo, tudo a encanta, diz ela “nenhuma nuvem toldava meu Céu azul” e com profunda alegria repetia “Estou aqui para sempre, para sempre!”.

Na casa de seus pais ela havia sido um pouco mimada, não fazendo nenhum trabalho: suas quatro irmãs não a deixavam fazer nada. Acontecia as vezes de recolher um vaso de flor e, se ninguém a agradecesse, chorava. Quando entrou no Carmelo não tinha o hábito necessário, a Madre Maria de Gonzaga dizia “Bem se vê que nossos claustros são varridos por uma menina de quinze anos!”

Teresa tinha também uma bela virtude: nunca falava de si mesma. Se sentia também muito isolada, seu diretor, Padre Pichon havia mudado para o Canadá, Teresa escrevia-lhe todos os messes, mas quase nunca era respondida.

Santa Teresa é lançada em abandono, na oração experimenta uma grande secura, diz ela “Jesus não me diz nada…”, é então que descobre São João da Cruz. Em seus escritos, se alimenta. Ela própria diria “Entregar-se ao amor é entregar-se a todas as angústias”, ela vive total desapego e abandono que diz “Vejo apenas a luz que vem do rosto velado de Nosso Senhor”. Nos retiros que participava, sentia-se sempre incompreendida pelo pregador, e eram retiros muito penosos. Em 1891, um padre prega o retiro e a compreende, dizendo “Minha filha, seja uma boa religiosa, mas não aspire tão alto!” e a encoraja e “lança –diz ela- para o caminho do Amor”.

Teresa começou a usar um cilício, mas caiu imediatamente doente, e compreendeu que Jesus não a pedia isso. Na comunidade não lhe davam atenção por ser jovem e forte, um dia uma Irmã procurou a Priora e disse “Estamos tirando a saúde de Irmã Teresa!”. A cozinheira lhe dá para comer os restos, mesmo que um pouco estragados, porque ela nunca se queixa.

Teresa é colocada como ajudante de Madre Maria de Gonzaga para a formação das noviças. Graças ao noviciado Teresa explicita seu ensinamento, sendo obrigada a falar com as irmãs e responder questionamentos. Teresa descobre Deus, e o Deus que descobre é o Deus de amor. Ao mesmo tempo vê que no Carmelo Deus de amor não é conhecido! Conhece-se apenas o Deus da justiça, e pensa Teresa que não é por aí que se deve atraí-lo. Lendo o Evangelho descobre os atos de misericórdia do Bom Deus e entende que: o que alegra a Deus é poder dar além da justiça, segundo seu próprio querer, baseado em sua natureza que é o Amor, não segundo os méritos de Irmã Teresa. Pensavam que quando chegassem diante de Deus, após a morte, o Senhor olharia a lista de méritos, quantas indulgências recebeu… A Santa dizia “Vou tratar de não apresentar meus méritos, só apresentarei os de nosso Senhor. Eu não terei nada, nada quero apresentar, vou deixar que Deus me ame o quanto quiser”. E acrescenta: “É por isso que serei tão bem recebida…”.

Pensa Teresa em quanto amor não tem Deus para dar, mas os homens o impedem quando apresentam seus próprios méritos. E decide então dar-se como vítima em holocausto ao Amor Misericordioso, o que consiste em receber de Deus todo o amor que gostaria Ele de dar as criaturas, mas elas não acolhem. Não porque ela quer sentir-se amada, nem porque necessariamente quer dá-lo aos outros, mas porque quer agradar à Deus, e sabe que assim irá: permitindo-O amá-la.

Santa Teresinha ancorou-se na confiança e pobreza, ela sente a necessidade de cultivar sua pequenez, e assim é feliz.

Muitas vezes chegamos a pensar “Que fará Deus, sou tão pobre!”, já a Santa, inspirada pela luz divina pensava o oposto: “Felizmente você é pobre, é por isso que vai receber muito”. O sentimento de pobreza, especialmente no começo da vida espiritual é uma riqueza, uma aptidão para receber Jesus.

A Santa representa o caminho da perfeição como um elevador onde é Deus quem nos suspende, não subimos por nós mesmos. Enquanto não chega o elevador, Teresa suspende o pezinho e logo cai, e ela grita pelo “Papai”, tamanha é sua confiança e uma hora o Senhor toma-a nos braços e eleva até o alto.

Diz o autor que o Espírito suscitou algo novo no coração de Teresa, em um ambiente onde ela se encontrava sozinha. A maior graça de sua vida foi o conhecimento da Misericórdia de Deus.

 

2-

Entende a Santa que a grande alegria de Deus é dar-se gratuitamente, diz ela em uma carta ao Padre Bellière que sua missão consiste em fazer conhecer o Deus que ela conhece e fazerem amá-lo como ela o ama.

Segundo o autor a primeira conclusão que tira-se da doutrina de Teresa é manter-se perto de Deus. Compreender isso é o essencial. O seu único objetivo é dar prazer a Deus, e ela compreende que o Senhor tem alegria e prazer em nos amar. Sua doutrina exige esta base contemplativa, esta busca de estar sempre próxima de Deus.

A simplicidade da Santa é o que faz sua perfeição. Ela vivia na aridez, de forma que escreve “Estou num subterrâneo onde não faz frio nem calor”. Durante a comunhão sua secura era ainda maior, tanto que ao fim da ação de graças chamava nossa Senhora e os santos para que digam algo, porque ela “nada sabia dizer-lhe”.

Teresa não fazia mortificações extraordinárias, no seu tempo na França considerava-se mal religiosa quem assim vivia. Mas o caminho ascético continuava necessário, Santa Teresa então coloca-se como criança, tendo em vista a cena evangélica da criança. E como uma criança não faz nada, mas Deus tudo opera nela. Teoricamente bem sabe-se que é Deus quem faz tudo. Mas, na prática, muitas vezes o orgulho toma conta. E, ao invés de buscar a santidade (deixar Deus triunfar em si) busca-se o heroísmo (vencer e dirigir-se as ações mais brilhantes).

A ascese de Santa Teresinha vai se exercer na prática do seu dever do estado: toda energia que gastaria em mortificações extraordinárias gasta cumprindo seu dever de estado com honestidade e perfeição

A Santidade de Teresa foi sobretudo onde ela mostrou na Santidade, nos mais comuns atos recebeu a graça da docilidade. Havia no Carmelo uma irmã um pouco maníaca, ela precisava de alguém para ajudá-la no seu ofício, mas ninguém queria, pois ela impunha suas maneiras de fazer: segurar a agulha de X forma, …e quem a acompanhava durante o dia deveria observar uma série de pequenas prescrições, o que aborrecia a todas as irmãs. Teresa certa vez viu que a irmã não tinha quem a ajudasse e por caridade pediu a Madre para ajudar a irmã. Seguiu durante os dias todas as prescrições durante horas todos os dias, e cada vez que se aborrecia dava a irmã um belo sorriso, durante messes. Quando Teresa morreu e no Carmelo diziam sobre ela a irmã que ela ajudava disse “Todo o tempo que ela esteve comigo, eu a fiz muito feliz”. Se Teresa tivesse reclamado uma sequer vez a Irmã nunca teria dito isso.

Santa Teresa pediu a Jesus que morresse como ele, e assim morreu. Teresa morreu de forma agonizante, suava muito e agitava-se na cama, Madre Inês rezou pedindo a Jesus que Teresa não morresse assim, pois parecia mais uma morte de pecador do que de um Santo, e a Madre sabia da Santidade de Teresa. Mas Teresa havia predito “Não se admirem; o que pedi foi a morte de Jesus na Cruz”, e ela sofre até o último momento, além de morrer em um momento em que tinha grandes crises de fé. Morre como Jesus, que dizia “Ó Pai, porque me abandonaste?”. Mas Teresa recebe a graça de fazer um último ato de amor, morrendo dizendo “Meu Deus, eu vos amo!”

 

3-

Teresa teve o espírito de Elias, a disciplina de vida de Teresa de Ávila e a doutrina de São João da Cruz.

Elias é um profeta do Antigo Testamento que foi tomado por Deus e arrancado de sua família e sua tribo. Viveu no deserto, sentia uma sede ardente por Deus, era contemplativo. Os traços do profeta são encontrados em Teresa. Ela é tomada por Deus com muita precocidade. Conta dos dias em que seu “papai” a levava para pescar com seu pequeno anzol, mas ela preferia sentar sozinha no capim e entram em pensamentos profundos, sem nem saber o que era meditar sua alma entrava em mistérios profundos. A terra parecia a ela lugar de exílio e sonhava com o céu.

Conta Teresa que em um domingo, olhando para um crucifixo, ficou impressionada com o Sangue que caia das mãos de Deus e não era recolhido, e então ela resolve conservar-se em espírito aos pés da Cruz para receber o divino orvalho que escorria, tendo em vista depois derramá-lo às almas.

A Santa carregava o peso das almas e a preocupação-dominante de sua vida eram elas. Antes de sua profissão ela declara a Jesus Hóstia: ela estava no Carmelo para salvar as almas e especialmente para rezar pelos sacerdotes.

A disciplina de Santa Teresa de Ávila é carregada por Teresinha, que era consumida pelo mesmo ardor pelas almas que sua Mãe. Ela era inteiramente fiel a vida austera imposta pela sua Mãe Teresa, chegando até ao escrúpulo nas menores regras e costumes. Teresinha fez-se verdadeiramente filha de Teresa de Ávila.

Os princípios fundamentais da doutrina de São João da Cruz são os da doutrina de Santa Teresa do Menino Jesus, é claro que, traduzidos a sua realidade. A Santa escreveu: “Ah, quantas luzes colhi nas Obras de nosso Pai S. João da Cruz! (…) Com a idade de 17 e 18 anos não tinha outro alimento espiritual”. Entre seus 17 e 18 anos foi um período que viveu grande angústia e cercada de escuridão, nesse momento o “Doutor das noites” foi o único guia da jovem carmelita. Nenhuma obra marcou mais a espiritualidade Teresiana que essa.

A mensagem de Teresa é autêntica e nova. Quem a escuta corre um grande perigo: o de confundir a pequenez apresentada com um desleixo, ou um acomodar-se ou até à preguiçosa lei do menor esforço. Também há o risco de, sob o pretexto de sofisticar a mensagem, tirar dela seu simples vestido de criança, e assim romper a harmonia da mensagem.

A mensagem da Santa traz consigo o amor, de forma especialíssima. Tudo em sua alma procede de sua experiência com o amor, tanto seus desejos apostólicos quanto descobrir sua vocação: o amor. O olhar dela é simples, a ponto de em tudo ver a Misericórdia de Deus, essa é uma graça contemplativa que Teresa recebeu. Ela chega a afirmar: “Que doce alegria pensar que Deus é Justo, isto é, leva nossas fraquezas em conta, conhece perfeitamente a fragilidade de nossa natureza”.

O autor diz que Teresa sempre foi pequenina, em sua casa foi sempre a caçula, no convento entrou com 15 anos e morreu com 24, sem chegar na maioridade canônica que confere direito à profissão religiosa, e que da mesma forma foi no plano espiritual: sempre pequena. Disse Teresinha “Não preciso crescer; pelo contrário, devo continuar pequena”.

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