Seja Bem-vindo à uma Exposição Meditada do Apostolado Santa Leitura!
Hoje trazemos sobre o livro “São Josemaría Escrivá” de Michele Dolz
Fica claro que, a exposição não substitui a leitura do livro, mas é um impulso para que a alma a busque e se aprofunde nela.
O livro é dividido em duas partes, a primeira é uma biografia, traz a história da vida de São Josemaría e a segunda sobre o Evangelho meditado por São Josemaría.
Foi publicado a primeira vez em outubro de 2002 em ocasião da canonização do Santo, que ocorreu dia 6 de outubro do mesmo ano.
Boa leitura!
A vida de São Josemaría Escrivá
Josemaría nasceu dia 9 de janeiro de 1902, se ele estivesse vivo hoje teria 117 anos. Seu pai, José Escrivá, era um jovem comerciante de tecidos, e sua mãe, Dolores Albás, vivia inteiramente dedicada ao lar e seus 6 filhos (Carmem, Josemaría, Asunción, Lolita, Rosário e Santiago), eles eram uma fervorosa família católica.
Quando Josemaría tinha dois anos ficou gravemente doente com uma infecção, era mortal e seu médico, Dr. Camps, disse a seu pai, certo dia, que daquela noite a criança não passaria. Os pais dele era católicos fervorosos e rezavam muito pela cura do menino, sua mãe fez uma promessa a Deus pela cura do menino. Na manhã seguinte o médico perguntou que horas o menino morreu, e o pai respondeu alegremente “Não morreu, e até parece curado!”
Sua mãe foi para ele um exemplo de santidade. São José Maria, já crescido, falava que ainda naquele tempo rezava pela manhã e pela noite as orações que sua mãe havia lhe ensinado e diz “Por isso, ainda hoje lhe devo a piedade toda da minha vida”.
Houve um fato interessante: quando pequeno ele tinha vergonha de vestir roupa nova, isso o desagradava muito, ele se escondia e não queria sair de casa, até que por medo de bronca saia do esconderijo e sua mãe dizia-lhe com muito carinho e sabedoria: “Josemaría, vergonha só para pecar”
Em 1910 morreu seu irmão Rosário com nove messes, dois anos depois morreu Lolita com cinco anos, no ano seguinte Asunción com oito anos. Com medo, o santo dizia a sua mãe “No próximo ano é minha vez”. Sua mãe lhe dizia “Não te preocupes (…) tu foste consagrado a Nossa Senhora e ela vai-te proteger” e assim aconteceu.
Quando tinha 16 anos, em sua cidade estava acontecendo grandes tempestades de neve, ninguém saia de casa a não ser por obrigações urgentes. Num desses dias, ele reparou em pegadas que dois pés descalços deixaram em um lento caminhar pela estrada. Percebeu que eram as pegadas de um frade carmelita e uma indagação a partir daquele momento ficou em sua mente e nunca mais o abandonou: Se os outros fazem tantos sacrifícios por Deus e pelo próximo, não serei eu capaz de lhe dar nada?
Certa vez, enquanto seminarista, teve permissão para ir à Igreja depois de fechadas as portas, e beijou a grande imagem da Virgem Maria. O costume era que beijar a imagem era permitido apenas às crianças e autoridades, mas disse São Josemaría mais tarde: “No entanto tive e tenho certeza que à minha Mãe do Pilar agradou que, por uma vez, eu fizesse uma exceção aos costumes estabelecidos na Igreja”
Ele foi ordenado em 28 de março de 1925, ainda em luto pelo falecimento do pai em novembro do ano anterior. Sua primeira Missa foi em sufrágio pela alma do pai.
No dia 2 de outubro de 1928 o santo estava em retiro espiritual, após a Santa Missa foi ao quarto e colocava em ordem suas meditações, inspirações… e ali viu o chamado de Deus para algo único: a Opus Dei. À luz de Deus viu pessoas de diferentes raças, nações e idades que encontravam Deus na vida cotidiana, que faziam de seu trabalho, família, amizades local de santificação. Fiéis que levavam Jesus as entranhas do mundo. Santos padeiros, alfaiates, banqueiros, santos simples como todos que vivem ao seu redor mas com Cristo no coração. Era algo inexistente e a vontade de Deus era clara: abrir a pessoas de qualquer idade, estado civil e condição financeira, era um novo panorama vocacional no meio da rua. Josemaría caiu de joelhos verdadeiramente comovido, decidido a dedicar a vida ao cumprimento do projeto. Quando o perguntavam-lhe se achava possível realizar o projeto sempre respondia “Não é invenção minha, é uma voz de Deus”
Nos primeiros anos, o jovem padre enfrentou dificuldades por não ter meios econômicos, nem protetores e pessoas preparadas. Josemaría se encontrava com jovens universitários para tomar chocolate quente e lhes contava grandes sonhos de seu apostolado e os orientava a um grande amor por Jesus. Certa vez presenteando um jovem com um livro, escreveu como dedicatória:
“Procura Cristo.
Encontra Cristo.
Ama Cristo.”
Até que convidou os jovens para começar um curso de formação, e apenas três jovens foram, no final ele deu a benção com o Santíssimo na Capela e disse “Abençoei aqueles três e vi trezentos mil, trinta milhões…”
Tempos depois, quando recebia os jovens universitários em seu gabinete na Academia DYA, pendurou uma cruz negra sem o crucificado na parede, e quando lhes perguntava o significado dizia “Está à espera do crucificado que lhe faz falta: e esse crucificado hás de ser tu”
A Academia DYA foi fundada pela Obra, onde ensinava-se Direito e arquitetura (daí a sigla: ”Derecho y Arquitectura”, porém tinha um significado mais profundo:”Dios y audácia”) lá era um grande local de formação cristã.
Em 1934 publicou o livro “Consideraciones espirituales” que anos mais tarde com a inclusão de outros, veio a ser o famoso “Caminho”, livro para jovens, estudantes e profissionais orientados a uma vida contemplativa.
Em 1936 a Espanha se dividiu em duas facções e todos os católicos (principalmente padres e religiosos) estavam sendo perseguidos e morrendo como mártires. Por conta disso, os membros da Opus Dei haviam se dispersado. Josemaría vivia de esconderijos em esconderijos, por vezes o local mais seguro foi a rua, chegou a proteger-se em uma clínica psiquiátrica, fingindo-se de louco. Celebrava a Santa Missa quando possível.
Ele pensava quanto tempo duraria aquela guerra, quanto tempo ficaria sem nada poder fazer pela Obra. Então, decidiu ir para o outro lado da Espanha, decisão que não foi fácil: deixou parte dos seus, sua mãe e irmãos.
Mas deveria cumprir o chamado que Deus lhe dava, passou dias com fome, sem dinheiro, atravessou com um grupo montanhas a pé no frio, caminhando de noite e escondendo-se de dia, sem bagagem alguma: foram messes de privação.
A última Missa foi celebrada pelo Santo de joelhos, tendo uma pedra como altar, um dos do grupo escreveu “Nunca assisti uma Missa como a de hoje. Não sei se pelas circunstancias ou porque o sacerdote é santo”.
Quando pode passar pela fronteira porque já era seguro, foi o primeiro padre a chegar em Madrid, e encontrou a Academia DYA em ruínas, era tempo de recomeçar com renovada esperança. Com o tempo aproximavam-se numerosas pessoas que queriam se entregar a Deus no Opus Dei.
Com o tempo, bispos pediam a Josemaría que pregasse ao clero de suas dioceses, e sem que desejasse, ele começou a ter fama não só de excelente pregador, mas de sacerdote santo. Suas pregações eram orações em voz alta.
No ano 1941 foi pregar em um retiro, e sua mãe estava doente, foi mesmo assim porque os médicos haviam dito que não aparentava ser tão sério, antes de ir pediu a sua mãe que oferecesse sua doença pelo servir dele, quando chegou a cidade pediu ajoelhado diante do sacrário “Senhor, cuida da minha mãe, já que eu me vou a ocupar dos teus sacerdotes”. Pregou no retiro sobre a figura da mãe do sacerdote, disse que o papel dela é tão importante que Deus só poderia chamá-la ao céu depois da morte do sacerdote. Terminada a meditação, chamaram-lhe para contar que sua mãe havia falecido.
Passaram a se espalhar muitas calúnias a seu respeito, o padre sofria. Em uma noite de 1942, cansado pelo trabalho e as más línguas, ajoelhou-se no sacrário e disse “Senhor, Tu não necessitas da minha honra, eu para que a quero?”
Quando os três dos primeiros membros do Opus Dei iriam se tornar padres, Josemaría resolveu não ir na ordenação deles para não dar impressão de triunfo e ficou recolhido em sua casa, ocultando-se para que Jesus brilhe.
Quando foi para Roma, da varanda de seu aposento podia ver os aposentos do Papa, a noite pelas janelas iluminadas do Palácio quase podia ver a silhueta do Papa Pio XII, ficou tão comovido que passou a noite na varanda rezando pelo sono do Santo Padre. Josemaría dizia aos membros da Obra “Quando fordes velhos e eu tiver ido dar contas a Deus, direis ao vossos irmãos que o Padre amava o Papa com todas as suas forças”.
O Opus Dei precisava de uma aprovação pontifícia, membros da Obra já haviam ido em nome do padre mas haviam dito que o Opus Dei chagou um século antes e queriam a presença do fundador em Roma. O fundador se encontrava muito doente, os médicos diziam que ele poderia morrer a qualquer instante, quando contou ao médico da viagem ele disse que não iria se responsabilizar pela vida do padre. Ao contrário do que pode-se pensar viajou sem se preocupar consigo mesmo e sua saúde, apenas se preocupava com a Obra, o que haveria de acontecer e em cumprir seu dever.
Estando em Roma recebeu as primeiras palavras de afeto do Monsenhor Giovanni Battista, futuro São Paulo VI. Papa Pio XII deu a Opus Dei a aprovação pontifícia.
Josemaría sofreu de diabetes, tinha dores de cabeça constantes, muita sede, excesso de peso e muitos outros incômodos. Mesmo assim, nunca lhe faltava santa alegria, com bom humor sugeriu “Deviam chamar-me Pater dulcissimus”, por conta do excesso de açúcar no sangue.
No dia 27 de abril de 1954, Dom Álvaro del Portillo, hoje beato, aplicou a dose de insulina no Padre e de repente o padre disse “Álvaro, dá-me a absolvição”, ele aparentava estar bem e D. Álvaro perguntou do que ele estava falando, Josemaría respondeu “A absolvição!”. Ao ver que não percebia, começou a dizer a formula da absolvição, e então perdeu os sentidos, caiu da poltrona que se encontrava e mudou de cor. O bispo deu-lhe a absolvição e chamou um médico, o padre ficou cego por algumas horas e depois ficou totalmente curado depois de 10 anos sendo diabético.
Em 1952 Opus Dei tinha membros em 13 países, o padre construiu um Colégio, chamado Colégio Romano Santa Cruz, onde todos os membros tiveram um período especial de formação no coração da Igreja e da Obra para poderem sair em missão.
Dizia o padre que com autorização da Santa Sé a Obra aceitava doação de pessoas que não eram católicas nem cristãs, sem discriminação. Dizia com graça e muito respeito a São João XXIII “Não aprendi o ecumenismo com Vossa Santidade, porque os não católicos e os não cristãos já eram cooperadores da Obra antes desse pontificado”.
Em agosto de 1958, caminhando pela cidade de Londres, em meio ao tumulto e grandes edifícios, acreditou que seria impossível levar Cristo aquele lugar, teve um encontro com suas fraquezas e pensava “Não posso, Senhor, não posso!”. Então o Senhor o fez compreender “Tu não podes, mas Eu sim”.
O Padre era organizado, por natureza e virtude e sabia multiplicar o tempo. Também lutava muito contra a errônea ideia de que a ciência e a Igreja são opostos, então em 1952 fundou a Universidade de Navarra em uma cidade espanhola chamada Pamplona, encorajava os jovens a seguir a carreira universitária e exigia um estudo sério e aprofundado de sua área e da religião. Dizia “Não podemos admitir medo da ciência, visto que qualquer trabalho, se é verdadeiramente científico, tende para a verdade”.
Em janeiro de 1959 São João XXIII surpreendeu o mundo com o anúncio do Concílio ecumênico, alguns de seus filhos tomaram parte no Concílio (entre os quais, Beato Álvaro), o Padre via no Concílio a confirmação no espírito do Opus Dei, e disse “Uma das minhas maiores alegrias foi ver como o Concílio Vaticano II proclamou com grande clareza o chamado a vocação divina do laicato”. Durante o Concílio o padre trabalhou, orou, e fez muitas penitencias para que o Espírito Santo guiasse a Igreja, e pedia a todos os seus filhos e filhas o mesmo.
Josemaría ganhou de seus filhos uma escultura antiga da Virgem Maria em tamanho real, após a imagem passar pelo restauro exigiu que fosse colocada em um local adequado e que sempre tivesse flores frescas aos seus pés. Queria assim desagravar pelas imagens retiradas, confessionários eliminados, eucaristia ignorada, dogmas atacados, obediência ridicularizada e piedade esquecida.
Terminado o Concílio, muitas interpretações próprias e aventureiras dos textos haviam surgido. Dizia ele “Sofro muitíssimo, meus filhos. Estamos a viver um momento de loucura. As almas, aos milhões, sentem-se confusas. Há um grande perigo que, na prática, se esvaziem de conteúdo todos os sacramentos- todos, até o baptismo- e os próprios mandamentos da lei de Deus percam o seu sentido nas consciências”.
Diante das rebeldias com o Papa, convidava a rezar muito pelo Papa atual e pelo Papa que virá e será mártir desde o primeiro dia, escreveu uma longa carta aos seus filhos para que defendessem qualquer possível ataque a autoridade do Romano Pontífice.
Definiu esse tempo como tempo de rezar e sofrer, em 1970 pediu que se comprassem milhares de terços e distribuía-os a quem quer que fosse visita-lo, pedindo para rezar pela Igreja. Começou a fazer uma série de peregrinações marianas, com tristeza no coração, que só era tranquilizada pela sólida esperança sobrenatural e por um bom humor instintivo.
Desde 1970 o padre quis empreender longas catequeses itinerantes em vários países, se entre os fiéis a confusão e dúvidas reinavam, era tempo de, como o Santo dizia, “descer a arena”, para fortificar a fé e proclamar a boa doutrina.
Em maio e agosto de 1974 fez uma viagem à América do Sul, passando pelo Brasil.
No dia 28 de maio do ano seguinte, Josemaría fez 50 anos de sacerdócio, em uma sexta-feira Santa, decidiu não comemorar e passar o dia recolhido, vivendo aquilo que adotou como regra de vida ocultar-se e desaparecer para que Cristo reine. Nessa data rezou em voz alta na presença de seus filhos, e agradeceu a Deus pelo Opus Dei, agradeceu a nosso Senhor por tudo que fez a partir de quatro “gatos pingados”, dizendo “Toda doutrina de São Paulo se cumpriu: procuraste meios completamente ilógicos, nada adequados e estendeste o apostolado pelo mundo inteiro”.
No dia 26 de junho de 1975, levantou-se muito cedo como de costume, fez sua habitual meia hora de oração e celebrou a Santa Missa por volta das 8 horas. Após o almoço encarregou dois de seus filhos de visitarem uma pessoa e a pedissem que esta levasse ao Papa Paulo VI seu testemunho de fidelidade e união através da seguinte mensagem “Há anos que ofereço a Santa Missa pela Igreja e pelo Papa […] Hoje mesmo renovei este meu oferecimento a Deus pelo Papa”.
Era um dia de muito calor, teve uma reunião familiar e formativa com suas filinhas do Colégio Romano Santa Maria, no caminho rezaram o terço e conversaram animadamente. Na formação as recordou que tinham alma sacerdotal e pedia a elas para “Ajudar esta Igreja Santa, nossa Mãe, que está tão necessitada, que está passando tão mal no mundo, neste momento! Temos de amar muito a Igreja e o Papa, seja ele quem for. Pedi ao Senhor que nosso serviço seja eficaz para sua Igreja e para o Santo Padre”. Passador vinte minutos, começou a sentir-se mal, voltaram para Roma. O padre estava acompanhado de D. Álvaro e D. Javier Echevarría. Chegando, saudou o Senhor no Sacrário e dirigiu-se ao quarto de trabalho e depois de dirigir um olhar de carinho a Imagem da Virgem disse a D. Javier
“Javi! …não me sinto bem”
E caiu no chão.
Em 1970, no México, ao ver uma imagem da Virgem de Guadalupe entregando uma rosa ao índio Juan Diego, disse que gostaria de morrer assim: olhando a Virgem enquanto ela lhe oferecia uma flor.
Era a imagem da Virgem de Guadalupe, presente no quarto de trabalho, a recolher seu último olhar na terra.
Seu corpo, vestido com paramentos sacerdotais foi colocado aos pés do altar da Igreja Santa Maria da Paz em Roma, onde o corpo se encontra até hoje.
Durante sua vida o padre já havia adquirido grande fama de santidade, desde 1975 chegavam, dos cinco continentes, relatos de graças, milagres e favores pela intercessão de Josemaría. Quando possível, em vida, as pessoas acotovelavam-se em volta dele para ouvi-lo falar, para beijar-lhe a mão e receber a benção em objetos religiosos, que depois foram guardados como relíquia.
69 cardeais, cerca de 1300 bispos de todo mundo, 41 superiores de congregações religiosas, sacerdotes, religiosos, dirigentes de associações laicas, personalidades públicas e milhares de outras pessoas dirigiam ao Santo Padre o início do processo para a canonização de Josemaría.
O Santo Padre João Paulo II declarou a heroicidade de suas virtudes, o proclamou Beato juntamente com a Irmã Josefina Bakhita e o Santo foi canonizado no dia 6 de outubro de 2002.
Dentro do Evangelho, como um personagem a mais
O Santo recomendava que, para maior identificação com Cristo, as pessoas se esforçassem para participar de cada cena do Evangelho, como um personagem a mais na cena, vivenciando os mistérios de Deus.
Na anunciação que se imagine dentro da casa, sendo o que quiser ser: um vizinho, um amigo, um criado, um curioso… E convida também a imaginar como se comportaria a Virgem Maria em cada situação e tarefa de nossas vidas, para assim nos parecermos mais com ela. Também a meditar que a virgem não somente disse o fiat (faça-se), mas cumpriu sua decisão firme a todo tempo, assim também nós devemos nos comprometermos a sermos fiéis ao Senhor. Porque “nem todo que me diz Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas o que faz a vontade do meu Pai, que está nos Céus, esse entrará no Reino dos Céus”.
Meditando o nascimento de Jesus, imaginando-se como mais um na cena, abraçando, beijando, embalando e dizendo doces palavras ao Deus que se fez pequenino. Convida que se imagine olhando o pequeno menino na manjedoura, de forma profunda, como um verdadeiro mistério de fé, sem buscar e se prender as pequeninas e limitadas explicações humanas.
Quando se medita sobre os anos ocultos da vida de Cristo, deve-se olhar com admiração, esses anos revelam-nos que a existência humana, a vida corrente e ordinária de Cristo tem um sentido divino. Dessa forma, somos animados, porque encontramos sentido na vida corrente e ordinária que temos. Assim como trabalhamos, Cristo, o carpinteiro, também.
Ao ler sobre as tentações que Jesus sofreu no deserto, vendo nosso Senhor sendo tentado recorda-se que a Tradição diz que Ele quis ser tentado para nos dar exemplo em tudo, visto que em tudo se igualou a nós, com exceção do pecado. Após quarenta dias de jejum, com o simples alimento (possivelmente de ervas e raízes) e um pouco de água, Jesus sentiu fome. E quando o demônio lhe propõe a transformar pedras em pão, nosso Senhor não só rejeita o alimento que o corpo lhe pedia, como também não usa o poder Divino para resolver problemas pessoais. Nota-se ao longo dos Evangelhos: Jesus não faz milagres visando o proveito próprio, mas sempre em serviço do próximo.
Sobre a escolha dos apóstolos, vê-se que não eram homens muito cultos e inteligentes, pelo menos no que diz respeito as realidades sobrenaturais, as comparações mais simples de Jesus (parábolas) eram incompreensíveis a eles, e pediam ao Mestre que os explicasse, o próprio Cristo chama o apóstolo de homem de pouca fé. Diziam tanto amar seu Mestre, mas no Calvário apenas João, o mais jovem dos apóstolos, o amou não só com palavras, mas com obras, estando lá. Cristo escolheu homens com debilidades, defeitos, com palavras maiores que suas obras, homens correntes; da mesma forma sucedeu com nós.
Lendo o Evangelho, percebe-se como Jesus não limitava seu diálogo a um grupo restrito, mas falava com todos (fariseus, pecadores públicos, doentes e sãos, pobres e ricos, …). Em seu diálogo com a samaritana, vê-se a grandiosidade de seu diálogo, de tal modo que a mulher passa de pecadora a propagadora da Verdade. Jesus fala de amor, tem compaixão, é especialista em delicadeza e sabe também ser exigente e mostrar ao homem seu dever. E mesmo conversando com os fariseus, que iam ter com Ele para ataca-lo pelo que disse, não vacila em dizer a Verdade e chamá-los pelo seu nome “Raça de víboras”.
O livro também traz comentários do santo sobre as passagens das bem-aventuranças, quando Jesus ressuscitou o filho da viúva, da parábola do semador, do demônio mudo, quando os discípulos discutem quem dentre eles é o maior, do Bom Pastor, da oração de Jesus, do filho pródigo, de Bartimeu, do novo mandamento, da Eucaristia, da Paixão, da Morte na Cruz, da Ressureição, da Ascenção de Cristo e a vinda do Espírito Santo.
No final do livro traz um resumo de todos os livros escritos por Josemaría e publicados até então.