Seja Bem-vindo à uma Exposição Meditada do Apostolado Santa Leitura!
Hoje trazemos sobre o livro O Segredo de Maria, de São Luís Maria Grignion de Monfort.
Fica claro que, a exposição não substitui a leitura do livro, mas é um impulso para que a alma a busque. Boa leitura!
1. Necessidade de uma verdadeira devoção a Maria
A vontade de Deus é que nos tornemos santos como ele nessa vida (‘’ Sede santos, porque eu sou santo’’ Lv 11,44), nossa vocação é a aquisição da santidade, e a isso devem se voltar nossos pensamentos, palavras, ações, sofrimentos e todos os movimentos de nossa vida.
Os meios para alcançar a santidade, a qual somos chamados, são: a humildade de coração, a oração continua, a mortificação universal, o abandono a divina providência, a conformação à vontade de Deus. Para praticar esses meios, a graça de Deus é absolutamente necessária. Porém, para encontrar a graça divina é necessário encontrar a Virgem Maria
Mas por que precisamos encontrá-la?
São apresentados, então, alguns motivos:
🌹Porque Ela foi a única que encontrou graça diante de Deus (cf. Lc 1,30)
🌹Porque deu a vida ao Autor de toda graça, e por isso é chamada de Mãe da Graça (Mater gratie)
🌹Porque Deus Pai dando-lhe seu único Filho deu a Ela todas as suas graças
🌹Porque Deus a escolheu como dispensadora de todas as graças, de modo que todas as graças e dons de Deus passam pelas mãos de Maria para chegar a nós
🌹Porque como na ordem natural um filho precisa de um pai e uma mãe, na ordem da graça é preciso que um filho da Igreja tenha Deus por Pai e Maria por Mãe, e se alguém se gloria de ter Deus por Pai mas não tem ternura por Maria, é na verdade um enganador, cujo pai é o demônio, diz São Luís
🌹Porque Maria formou a Cabeça da Igreja (que é Jesus), então, deve também formar os membros de seu corpo, porque uma mãe não forma uma cabeça sem membros
🌹Porque o Espírito Santo, desposando-a produziu por meio dela o Cristo, e continua a produzir por meio dela os predestinados
🌹Porque Maria recebeu um domínio particular sobre as almas para nutri-las e fazê-las crescer em Deus
🌹Porque todos os eleitos tem, habitando em suas almas, a Santíssima Virgem
🌹Ela é chamada por Santo Agostinho de forma Dei, quer dizer que apenas nela Deus foi formado naturalmente sem perder traços de divindade, e só nela os homens podem ser formados em Deus naturalmente.
Um escultor pode fazer uma imagem de duas formas, a primeira é por sua habilidade e força, a segunda é utilizando um molde, a primeira maneira é demorada, difícil e sujeita a vários riscos (como uma martelada mais forte que o necessário pode arruinar uma escultura), a segunda maneira é rápida, fácil e suave quase sem danos e esforços
A Santíssima Virgem é o grande e perfeito molde de Deus, quem nele se lança e se deixa moldar recebe todos os traços de Jesus. Quanta diferença existe entre uma alma formada por si mesma, que confia em seus próprios conhecimentos de escultor, e a alma moldada por Maria, a primeira é manchada, com defeitos, cheia de trevas e de ilusões, a segunda é pura, divina e semelhante a Jesus
Não existe criatura, seja o profeta ou o anjo e querubim que for, em que Deus seja maior, fora dele mesmo, do que na Santíssima Virgem. É certo que Deus está em todos os lugares, mas não existe lugar em que uma alma possa encontrar o Senhor mais próximo dela do que na Virgem Maria
Deus fez o mundo em que habitamos, o mundo em que vivem as almas bem-aventuradas. E um outro mundo, que Deus fez para si, e deu o nome de Maria, que é um mundo desconhecido a quase todos os mortais. Bem aventurada é a alma a quem é revelado esse segredo, e a quem Ele abre esse jardim, e bebe então a alma da fonte selada as águas vivas da graça
Na Santíssima Virgem se encontra somente o Criador, e não a criatura, porque Ela fez-se inteiramente de Deus, mais do que Paulo diz a Santa Virgem ‘’ Já não sou eu quem vivo, é Cristo que vive em mim’’
Não quer dizer que encontrar a Virgem Maria é estar livre de cruzes e sofrimentos, esta alma será mais perseguida que qualquer outra, mas quando vierem as cruzes serão encaradas com doçura, paciência e alegria, e quando se sentir o amargor do cálice, a consolação de Maria animará e impulsionará a alma
Assim como o Senhor usou de Maria para vir a nós, devemos usar dela para ir ao Senhor
2. Em que consiste a verdadeira devoção a Maria
Existem diversas verdadeiras devoções a Santíssima Virgem.
A primeira consiste em cumprir seus deveres de cristão, evitar o pecado mortal, rezar de vez em quando a Nossa Senhora e honra-la como Mãe de Deus, sem devoção especial por ela.
A segunda consiste em ter por Maria Santíssima um amor e devoção mais perfeita, participando de confrarias e rezando o Santo Rosário, honrando suas imagens e altares, exclui o pecado, é uma santa devoção mas não é perfeita nem capaz de desapegar as almas de si e uni-las a Jesus Cristo.
A terceira, é conhecida e praticada por muitas poucas pessoas, e é dela que São Luís escolhe tratar. Nessa devoção, se entrega seu corpo e sua alma, todos seus bens exteriores e interiores da alma, suas graças, suas virtudes, sua oração, suas esmolas e mortificações deixando tudo a disposição da Virgem Maria para que ela possa aplicar, da melhor forma, para maior glória de Deus. Deixa-se de ser dono das boas ações que se fez, e as entrega a Maria, para que ela use na conversão de um pecador e até para aliviar ou libertar uma alma do purgatório. Quando se entrega suas boas ações a Maria, ela as embeleza, as guarda e as aumenta.
Essa devoção consiste em dar-se inteiramente na qualidade de escravo a Boa Mãe, deixando claro que é uma escravidão por amor e vontade. Um escravo não recebe recompensa pelo serviço que presta, o escravo não pode jamais deixar seu senhor, pois foi entregue a ele para sempre.
São Luís diz algumas excelências dessa prática:
Dar-se a Jesus por Maria é imitar Deus Pai, que nos deu seu filho por Maria. É imitar Deus filho que veio a nós por meio dela. E é também imitar Deus Espírito, que não nos comunica suas graças e dons se não por Maria Santíssima
É uma forma de honrar o Senhor, porque ressaltamos que não somos dignos de nos aproximar dele e de sua santidade de forma direta.
É colocar nas mãos de Maria nossas boas ações, para que não fiquem em nossas mãos e sejam corrompidas por nossas faltas, inconstâncias e malícias, é colocar até nós mesmos em suas mãos para que cesse nosso medo de cair, e a Boa Virgem os guardará em segurança, e santificará, elevará e tornará belo diante de Deus o que a ela confiarmos.
Dar-se desse modo à Virgem, é viver o mais alto nível de caridade, pois damos a ela o que temos de melhor e mais precioso, para que ela use como quiser, em favor dos vivos ou mortos.
Essa devoção torna a alma livre de verdade, com a liberdade de um filho de Deus, nós nos reduzimos a escravos, e a Boa Mãe nos concede a graça de caminhar com passos de gigante nos mandamentos divinos.
São Luís diz que a devoção consiste em fazer todas as coisas com Maria (ou seja: tendo-a como modelo perfeito), em Maria (recolhendo-se a seu interior a alma encontra um Oratório, que é ela, em que as orações não serão repelidas por Deus), por Maria (ou seja: usando-a como meio para chegar a Cristo) e para Maria (fazer as boas ações para glória da Santíssima Virgem, tendo como fim último glorificar a Deus)
Viver essa santa devoção enche nossa alma de grandes efeitos, que são verdadeiras graças. Faz com que a alma de Maria esteja em nós para glorificar o Senhor de maneira que, já não é a alma que vive, mas a Virgem que vive nela. Maria Santíssima engrandece e enobrece a alma, a purifica por sua pureza, amplia e abrasa a alma por sua caridade e aprofunda seu coração por sua humildade. Maria é operadora de grandes maravilhas nas almas, particularmente no interior, ela trabalha em segredo, se a alma conhecesse tudo, poderia destruir a beleza das obras.
Além das práticas interiores da escravidão à Santíssima Virgem, existem também as práticas exteriores, que não devem ser omitidas e nem descuidadas, escreve São Luís.
A primeira prática é escolher um dia para entregar-se a Cristo através da escravidão à Maria Santíssima, passar este dia em oração e comungar a esse efeito, a consagração deve ser renovada pelo menos uma vez por ano na mesma data.
A segunda prática, é dar todos os anos no mesmo dia, um pequeno tributo a Virgem, assim como os escravos homenageavam seus senhores. Esse tributo pode ser alguma mortificação, ou esmola ou uma peregrinação ou algumas orações, se não é possível dar muito à Mãe deve-se oferecer com um coração humilde e agradecido.
A terceira é celebrar todos os anos com especial devoção a Festa da Anunciação (que acontece dia 25 de março, nove messes antes do Natal). Essa festa é a principal dessa devoção, estabelecida para honrar a dependência em que Jesus se colocou nesse dia por amor a nós.
A quarta prática é rezar a Coroinha a Virgem Maria todos os dias e o Magnificat após a Sagrada Comunhão.
A quinta é usar uma pequena corrente benta no pescoço, ou no braço, ou no tornozelo, ou pelo corpo. Essa prática pode ser omitida sem que seja afetado o sentido da devoção, porém, é prejudicial condena-la, e perigoso descuidar-se quanto sua prática.
Usa-se a cadeia para proteger-se das cadeias do pecado, para honrar as cordas e os laços amorosos que Jesus quis ser amarrado para nos tornar livres, para nos recordarmos de Maria Santíssima e da qualidade de escravos em que as almas se colocam. São Luís escreve que, apesar do incomodo que as correntes causam, não devem ser retiradas durante a vida, para que nos acompanhem até o dia do nosso julgamento.
Fechamento
No livro, São Luís Maria escreve que para ser santo, é necessário que se recorra a Santíssima Virgem Maria, ele não coloca como uma opção ou um dos métodos, mas como o mais sublime e perfeito método para a Santidade. Apresenta no livro esse perfeito método como a verdadeira devoção a Santíssima Virgem, ele apresenta o segredo da santidade: Maria. É um livro de extrema importância e que nos faz aspirar a santidade, um tesouro da nossa tradição, recomenda-se a leitura do livro.
Não foram escritos sobre o prefácio e suplemento do livro.
Salve Maria sem pecado concebida!