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Santa Leitura: “Carta aos Amigos da Cruz” de São Luís Maria Grignion de Monfort

Seja Bem-vindo à primeira Exposição Meditada do Apostolado Santa Leitura! Aqui traremos sínteses, meditações e resumos de Livros Espirituais de nossa Santa Igreja Católica. Começamos com o Livro de São Luís Maria, “Carta aos Amigos da Cruz”. Boa Leitura!

Quem são os amigos da Cruz?

São os destinatários da Carta de São Luís, os Amigos da Cruz são uma confraria fundada pelo Santo, e este livro é uma carta destinado a eles. Hoje, essa carta é direcionada a nós, homens e mulheres dispostos a tomar sua Cruz e serem amigos da Santa Cruz, ou seja: amigos da Cruz são os verdadeiros seguidores de Jesus, porque Cristo disse ‘’Se alguém quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e siga-me’’, são aqueles que não conseguem viver longe da Cruz, porque entenderam que ela nos aproxima e nos da intimidade verdadeira com o Senhor

Não são como os inimigos da Cruz, aqueles a quem São Paulo descreve‘’Pois há muitos dos quais muitas vezes vos disse e agora repito, chorando, que são inimigos da Cruz de Cristo: seu fim é a destruição, seu deus é o ventre, sua glória está no que é vergonhoso, e seus pensamentos no que está sobre a terra’’ Fl 3, 18-19

O Amigo da Cruz é aquele que busca os tesouros da eternidade, e nunca as coisas deste mundo. São homens e mulheres que tem um combate direto com o mundo, que estão no campo de batalha, são os que estão em combate direto contra o mundo, suas modas, ideologias e contra a ‘’falsa caridade’’ pregada hoje em dia. São os perseguidos pelo demônio, os demônios se juntam para perdê-los, eles porém, unem-se para derrotar os demônios.

É aquele que diz: Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim (Gl 2,20), é um homem escolhido por Deus entre milhares para ser unicamente dEle, um homem que ama ardentemente a Cruz. É um homem Santo, que despreza tudo que é mundano, e respira Cruz, sangue e morte ao mundo.

São Luís, diz também, da grandeza deste santo nome, diz se encantar e deslumbrar com ele, por ser tão glorioso e honroso. Diz que este nome é o claro, o induvidoso nome de um cristão, visto que o cristão é aquele que segue a Cristo, e se Cristo foi e é amigo da Cruz, também temos este dever, esta honra. Então, o Santo questiona sobre as ações se são ou não condizentes com tão grandioso nome, se verdadeiramente estamos seguindo o caminho do Calvário, ou apenas enganando a nós mesmos, fingindo ser aquilo que não somos. Se o nosso testemunho é verdadeiro ou não. Se verdadeiramente nos unimos a Cruz do Senhor, se estamos no caminho da luz, ou no caminho que conduz a morte, nos questiona se nossas ações são condizentes com o que cremos, recordando aos amigos da Cruz quão numerosas são suas obrigações.

 Os dois partidos

São Luís continua então sua carta apresentando dois partidos, dois lados: o de Jesus, e o do mundo. Ao fazer isso tem o intuito de mostrar-nos que havemos de escolher por um deles, que não existe a possibilidade de viver metade no mundo e metade em Cristo, de doar 50% da sua vida para Jesus, quando fazemos isso, é como se ignorássemos o sacrifício de Jesus, que consumiu até sua última gota de sangue por nós.

Recordamos então do Livro do Apocalipse, onde diz o Senhor: “Conheço as tuas obras: não és nem frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente! Mas, como és morno, nem frio nem quente, vou vomitar-te.”

O primeiro partido é o partido de Jesus Cristo, Ele caminha a frente, com os pés descalços, coroado de espinhos, ensanguentado e carregando a pesada Cruz. Poucos o seguem, pois é difícil ouvir sua doce e delicada voz em meio ao tumulto deste mundo. Só os corajosos o seguem, poucos tem coragem de o seguir em sua pobreza, dores, humilhações e Cruzes. Seus seguidores falam só de sofrimento, lágrimas, penitências, humilhações, desprezo ao mundo e ocultam-se sempre.

Já o outro partido, é o partido do mundo e do diabo, este tem muito mais seguidores que o de Jesus, e é o mais brilhante em sua aparência. Os mundanos preocupam-se com o passageiro: comem, bebem, brincam, cantam e divertem-se, acreditam que não haverá punição alguma a seus atos.

A perfeição Cristã

São Luís traz, então, um esclarecimento, nos ensina em que consiste a perfeição, a definindo em quatro passos:

1° QUERER tornar-se santo (“Se alguém quiser vir após a mim”)

2° em ABSTER-SE (“Renuncie a si mesmo”)

3° em SOFRER (carregar sua Cruz)

4° em AGIR (“siga-me”)

Portanto, resume-se em um versículo: “Se alguém quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua Cruz e siga-me” Mt 16,24

Quando diz o Senhor “se alguém”, não diz alguns para deixar claro, como é pequeno o número dos eleitos.

Quando diz Jesus “Se alguém QUISER”, diz do verdadeiro querer, da verdadeira vontade que não é baseada no amor próprio nem no interesse ou respeito humano, mas, por uma graça toda virtuosa do Espírito Santo.

O Senhor nos chama a carregar a nossa Cruz (“Carregue a SUA Cruz”), e nos leva a meditação de que muitas vezes não aceitamos nossa Cruz,  achamos que a do próximo é mais fácil e de alguma forma questionamos a Deus (‘’porque meu sofrimento é maior?’’) e esquecemos que Jesus fez uma Cruz com peso e medida certa a cada um de nós, para nossa realidade e necessidade de santificação. A Cruz é composta de humilhações, desprezos, dores, enfermidades e penas espirituais que por PROVIDÊNCIA Divina chegam a nós todos os dias.

Quando formos seguir ao Senhor que nos convida ao seu encontro (”Siga-me”), não o sigamos arrastando não arrastando ou sacudindo nossa Cruz, nem reduzindo-a ou escondendo-a; mas sim: levando-a bem alto em sua mão, sem queixar-se , murmurar-se ou envergonhar-se; seguindo a Cristo como um verdadeiro e autentico Amigo da Cruz.

A necessidade da Cruz

São Luís então, diz o seguinte: “Com efeito, queridos Amigos da Cruz, sois todos pecadores; não há um só dentre voz que não mereça o inferno”, por mais que possa doer e ferir de alguma forma nosso orgulho, essas palavras escritas pelo Santo são totalmente verdadeiras, cabe a nós aceitar que somos falhos e confiar na graça de Deus.

 Se não nos castigarmos por nossos pecados neste mundo, seremos no outro.

Quão agraciados somos, por poder trocar uma pena eterna, por uma passageira, carregando nossa Cruz com paciência. Muito melhor é pagar neste mundo, de forma amigável, levando bem nossa Cruz! Se soubéssemos a diferença das dores neste mundo, e no outro, com alegria levaríamos nossa Cruz.

A infidelidade dos católicos

Durante toda a leitura do livro, percebe-se de forma modesta e discreta São Luís referindo-se aos maus católicos. Quando está falando do partido de Jesus e do partido do diabo, diz que os adeptos do partido do diabo costumam a dizer:

‘’Vida, vida! Paz, paz! Alegria, alegria! Comamos, bebamos, cantemos, dançemos, brinquemos! Deus é bom, Deus não nos fez para que nos danássemos; Deus não proíbe que nos divertamos; Não nos danaremos por isso’’

 Algo fica muito claro ao fazer esta leitura: estes mesmos que são do partido do diabo acreditam em Deus, não duvidam de sua existência. O problema é outro, é o que São Luís escreve, em outra parte do livro, como uma fala, um apelo de Jesus ‘’Muitos amigos de minha mesa, poucos amigos de minha Cruz’’, sinto como se Jesus perguntasse ao meu e seu coração se queremos dar um passo a mais com Ele, um passo de verdade e concreto, o passo de viver a Cruz.

O que está acontecendo entre nós católicos é que muitas vezes buscamos Jesus para um ‘desencargo de consciência’, para sermos felizes e realizados, para conseguirmos o que queremos ou até para nos encontramos com os amigos em retiros e na Igreja. Pregamos um ‘’Jesus cool’’, traduzindo para o português claro: um Jesus amiguinho e maneiro, onde tudo pode, isso machuca, fere o coração de Deus.

Seguir a Jesus, nesta terra, não é e nunca será fácil…mas, porque? Porque está escrito que um servo não pode ser maior que seu Senhor (cf. Jo13,16)

O que nos falta é aceitar a realidade a qual somos chamados, a realidade de sermos julgados e humilhados por seguirmos a Cristo; a realidade de viver os mandamentos, de sermos almas verdadeiramente devotas, de não permitirmos ser guiados pelas nossas paixões mas pela vontade do Crucificado, de nos unirmos e sermos um com Cristo chagado, ao invés de reclamar a cada coisa que não sustentar nosso ego inflado.

Não podemos nos envergonhar ou reduzir a Cruz a nós concedidas. Muitos dizem que desejam ser santos, mas viver a realidade de Cruz, que é a realidade da santidade poucos querem. Essa é a realidade a qual o Senhor apela para que vivamos.          

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