Neste artigo você vai conferir uma história contada pelo Venerável Fulton Sheen de como podemos oferecer o nossos sofrimentos para a conversão das almas.
“Se alguém pensa que as preces nunca são atendidas, ofereça uma prece ao Senhor para que algum sofrimento seja enviado para salvar uma alma. No fim dessa peregrinação particular a Lourdes, eu tinha feito reservas para um trem noturno de volta a Paris; o trem sairia às nove da noite. Como os amantes são relutantes em se despedir, eu quis prolongar minha visita até o último minuto. Cerca de oito da noite, corri até a gruta e pedi à Mãe Santíssima a que me enviasse algum tipo de provação e sofrimento ou uma farpa da Cruz, para ajudar uma alma. Corri para o hotel e subi três lances de escadas, pulando dois degraus de cada vez, até meu quarto. Notei que alguém estava subindo as escadas atrás de mim. Não dei muita atenção até chegar ao corredor do terceiro andar, para entrar no meu quarto. Eu me virei e vi uma garota holandesa de aproximadamente vinte e um anos. “Você está me seguindo?” “Sim,” ela respondeu, “mas eu não sei porquê. Eu o vi na procissão dessa noite e decidi que deveria falar com o senhor.” Quando perguntei se ela estava em Lourdes em uma peregrinação, respondeu: “Não, eu sou ateísta”. “Você não é ateísta,” eu insisti, “caso contrário você não estaria aqui. É mais provável que você tenha perdido sua fé”. Então, disse a ela: “Acredito que você seja uma resposta à minha prece. Eu pedi uma provação e sofrimento para salvar uma alma você é essa alma”.
Perdi meu trem propositalmente e fiquei em Lourdes três dias, até ela fazer sua confissão e ser restaurada, novamente, à fé da Igreja. Então, meus problemas começaram. Gastei mais três dias para voltar a Paris. Embora eu falasse francês, os condutores me disseram que meus tíquetes eram inadequados; puseram-me para fora do trem em paradas desertas; e era impossível encontrar um restaurante ou uma pousada. Após setenta e duas horas e múltiplas inconveniências, sem dormir e sem comida adequada e descanso, finalmente cheguei a Paris. Cada alma tem uma etiqueta com o preço-algumas são baratas, outras são caras. Assim como é possível fazer uma transfusão de sangue de um membro da sociedade para outro para curar uma condição anêmica, e assim como é possível remover pele de uma parte do corpo para colocar em outra para restaurar uma elegância perfeita, assim também é possível a qualquer célula — membro do Corpo Místico de Cristo — aplicar sua farpa da Cruz a alguma outra alma em necessidade.
A ajuda espiritual às almas necessitadas não tem correspondido à ajuda material que coletamos para corpos necessitados. Não há falta de ajuda para aqueles que precisam de ajuda do corpo, mas há um menor senso de preocupação com aqueles que estão espiritualmente famintos. “Se um membro sofre com alguma coisa, todos os membros sofrem com ele.” Se existem bancos de olhos para os cegos e bancos de sangue para os anêmicos, por que não deveriam existir bancos de orações para os decaídos e bancos de sacrifício para os pecadores? Muitos viajantes espiritualmente feridos não encontram o Bom Samaritano que aplique o óleo da interseção e o vinho da reparação em suas almas cansadas.
Trecho retirado da Autobiografia Tesouro em Barro da Editora Molokai