Os temperamentos fazem parte da constituição fisiológica do nosso ser e dizem muito sobre nossas tendências naturais. No entanto, eles nunca devem ser encarados como completamente determinantes em nossa vida, muito menos como um horóscopo ou algo parecido.
Neste artigo, você conhecerá um guia prático sobre o temperamento colérico que poderá ajudar, de forma concreta, tanto os coléricos de plantão, como as pessoas que convivem com os coléricos.
Inicialmente, precisamos ter em mente duas características importantes sobre este temperamento: ele é quente e seco.
Quente, pois o grau de excitabilidade e a velocidade da resposta aos estímulos externos é alto. Por exemplo, em uma discussão de trânsito, o colérico geralmente é aquela pessoa que responderá rapidamente a uma ofensa, ou terá, junto com os sanguíneos, maior dificuldade para se segurar — lembrando que isso é uma tendência que pode ser controlada através da busca pelas virtudes.
É seco, pois a durabilidade das impressões causadas pelos estímulos externos é alta. Sendo assim, diferente do sanguíneo que também se expande, mas se esquece, o colérico fica mais tempo com essas emoções à flor da pele. Usando o exemplo anterior novamente, é muito provável que o sanguíneo esqueça a briga de trânsito minutos depois, mas o colérico se lembrará daquilo com mais profundidade e clareza.
Dessa forma, o elemento da natureza que caracteriza o colérico é o fogo. O fogo é quente porque se expande, mas é seco, pois essa expansão não envolve, mas separa.
O fogo pode ser muito útil como uma chama que aquece e traz aconchego, como a luz que ilumina, nos guia e protege. Mas também pode ser o fogo que queima, machuca e causa incêndios desastrosos. Nem sempre é fácil para o colérico entender isso mas, ele precisa se educar, caso queira usar da forma certa as suas tendências naturais.
Graças a essas características, os coléricos costumam ser líderes natos. São aquelas pessoas com a capacidade de liderar os demais, proteger os mais fracos, se ampliar. Mas, também são aqueles que mantêm as suas ideias. Os coléricos não são aquele tipo de pessoa que toma decisões para agradar, mas para perseguirem os seus objetivos. Isso pode ser algo positivo, mas pode ser negativo, quando o torna uma pessoa nada flexível e difícil de lidar em conjunto (como em um relacionamento, por exemplo).
Gosto de falar que os coléricos têm a potência de um foguete! Eles podem ir muito longe com a capacidade que possuem. Mas, esse foguete pode estar voltado para a direção errada, e se o colérico não admitir isso, ele pode se autodestruir.
É realmente um desafio para o colérico admitir que ele está errado. Por isso, o seu maior defeito está nessa cegueira em relação aos seus próprios defeitos. Ele julga o problema com um olhar de fora e dificilmente percebe que também faz parte dele.
Um grande exemplo para os coléricos é São Paulo Apóstolo. Veja bem, Paulo foi um homem determinado e empenhado em tudo na sua vida. Quando ainda era Saulo, era um “exemplar” perseguidor de cristãos, cumprindo muito bem o seu dever. Mas, após a sua conversão, ele também se tornou um grande Apóstolo de Cristo, coluna da Igreja, junto com São Pedro!
Viu como o exemplo do foguete se encaixa bem? Antes da sua conversão, Paulo também possuía a potência de um foguete, mas ele estava voltado para a direção errada. Depois da sua conversão, esse foguete finalmente tomou o rumo certo!
Mas, para que esse “foguete” finalmente tomasse a direção certa ele precisou ser curado da sua cegueira. Aí está a conversão do colérico!
Todos nós precisamos deixar de lado as aparências para buscar a verdadeira conversão do coração, mas o colérico precisa se empenhar nisso com ainda mais ardor. De nada adiantam as conquistas exteriores quando se quer esconder quem se é. Todos nós somos miseráveis.
Por isso, um exercício muito eficaz para esse temperamento é a prática do exame de consciência diário. Através do exame de consciência abandonamos as nossas máscaras e nos apresentamos miseráveis diante de Deus, que está sempre pronto para nos acolher.
Para finalizar, meus amigos coléricos, iremos gravar, juntos, essas palavras em nossos corações:
“Mais vale a paciência que o heroísmo, mais vale quem domina o coração do que aquele que conquista uma cidade” (Pr 16, 32).
Abraços! Fiquem com Deus!