Provavelmente você já ouviu esta famosa frase: “a carne é fraca!”. É comum ouvirmos ou dizermos isto quando não queremos assumir a culpa pelos nossos erros, nossos pecados; é mais cômodo colocar a culpa em nosso corpo, em nossos desejos, afinal somos humanos. Mas, é muito errôneo pensar desta forma.
Desde o século passado, o mundo tem sofrido uma grande reforma sexual, onde o corpo do homem é visto meramente como um objeto que pode ser descartado a todo instante. Para os cristãos, essa realidade tornou-se assombrosa e fez com que muitos condenassem o corpo, dizendo que tudo o que provém dele é pecaminoso.
Imperceptivelmente, esta reprovação ao corpo humano, que muito tem crescido, pode chegar ao extremismo como houve com a seita herética dos Cátaros (ou, Albigenses) que condenavam tudo o que estivesse ligado à carne: desde os alimentos para o próprio sustento, passando pelas riquezas materiais, até as próprias relações sexuais.
Mas, o que há de errado em pensar desta maneira? O verdadeiro mal escondido nesta afirmação é, justamente, a condenação que é feita ao próprio corpo, esquecendo-se que é criação divina e faz parte do que nós somos. Olhar para o corpo do homem com tamanho desprezo, é desprezar quem o próprio homem é!
O homem é “corpore et anima unus”, ou seja, uma perfeita união entre corpo e alma. Esta doutrina da fé nos revela que não há homem sem corpo, nem homem sem alma; sem uma destas faculdades seríamos aberrações. O Catecismo da Igreja Católica nos afirma que “a unidade da alma e do corpo é tão profunda que se deve considerar a alma como a “forma” do corpo; ou seja, graças à alma espiritual, o corpo constituído de matéria é um corpo humano e vivo. O espírito e a matéria no homem não são duas naturezas unidas, mas sua união forma uma única natureza” (cf. §365).
São João Paulo II, em sua Teologia do Corpo nos diz que foi através do corpo que o próprio Deus se revelou: “Pelo fato de o Verbo de Deus ter se feito carne, o corpo entrou pela porta principal na teologia”. Deus tem um corpo! Portanto, o corpo é matéria divina e sua dignidade deve ser preservada.
Se o próprio Deus, em Sua Divindade, tem um corpo, como ousamos condenar o nosso? Como podemos crer na ressurreição da carne e, ao mesmo tempo, desprezá-la? A integridade do corpo do homem faz parte dos mistérios do Amor na criação. Que possamos ser fiéis à criação divina, aceitando nossa realidade humana: corpo e alma!
Que o Deus de Misericórdia nos faça santos!