A devoção aos Anjos da Guarda foi cultivada desde os começos do cristianismo. A sua festa (02 de outubro), com caráter universal para toda a Igreja, foi instituída pelo Papa Clemente X no século XVII. Os Anjos da Guarda são mensageiros de Deus encarregados de velar por cada um de nós, protegendo-nos no nosso caminho na terra e compartilhando com os cristãos a preocupação apostólica de aproximar as almas de Deus.
ANJOS TODOS DO SENHOR, bendizei o Senhor; cantai a sua glória, louvai-o eternamente1.
Os Anjos aparecem freqüentemente na Sagrada Escritura como ministros ordinários de Deus. São as criaturas mais perfeitas da Criação, penetram com a sua inteligência onde nós não podemos, e contemplam a Deus face a face, como criaturas já glorificadas.
Nos momentos mais importantes da história humana, um anjo, que se manifestava por vezes em forma corpórea, foi o embaixador de Deus para anunciar os seus desígnios, mostrar um caminho ou comunicar a vontade divina. Vemo-los atuar constantemente como mensageiros do Altíssimo, iluminando, exortando, intercedendo, preservando do perigo, castigando. O próprio significado da palavra anjo – enviado – exprime a sua função de mensageiro de Deus junto dos homens2.
Sempre receberam veneração e respeito por parte do Povo eleito. Porventura não são todos esses espíritos ministros de Deus, enviados para exercerem o seu ministério em favor daqueles que hão de receber a herança da salvação?3 Foi a fé nesta missão protetora dos Anjos, ligada a pessoas particulares, que fez Jacó exclamar enquanto abençoava os seus netos, filhos de José: Que o anjo que me livrou de todos os males abençoe estes meninos4. E a primeira Leitura da Missa5 transmite-nos as palavras do Senhor a Moisés, que hoje podemos considerar dirigidas a cada um de nós: Eu enviarei o meu anjo adiante de ti para que te guarde pelo caminho e te faça chegar ao lugar que te preparei. E o profeta Eliseu dirá ao seu servo, que se assustara ao verem-se sitiados pelos inimigos: Nada temas, pois muitos mais estão conosco do que com eles. E Eliseu orou e disse: Senhor, abre os olhos deste, para que veja. E o Senhor abriu os olhos do servo, e ele viu a montanha cheia de cavalos e de carros de fogo que rodeavam Eliseu6.
Que segurança nos deve inspirar a presença dos Anjos da Guarda na nossa vida! Eles nos consolam, iluminam e lutam a nosso favor: no mais aceso do combate, apareceram do céu aos inimigos cinco homens resplandecentes, montados em cavalos com freios de ouro, que se puseram à testa dos judeus. Dois desses homens levaram o Macabeu para o meio deles, cobriram-no com as suas armas, guardavam-no incólume e lançavam dardos e raios contra os inimigos que, feridos de cegueira e cheios de espanto, iam caindo7. Os santos Anjos intervêm todos os dias de formas e modos muito diversos na nossa vida corrente. Que providência tão singular e cheia de bondade e quanta solicitude a de Deus para conosco, seus filhos, por meio desses santos protetores! Procuremos neles a fortaleza de que necessitamos para a nossa luta ascética habitual, e ajuda para que acendam em nossos corações as chamas do Amor de Deus.
(1) Dan 3, 58; Antífona de entrada da Missa do dia 2 de outubro;
(2) cfr. João Paulo II, Audiência geral, 30-VII-1986;
(3) Hebr 1, 14;
(4) Gên 48, 16;
(5) Êx 23, 20-23;
(6) 4 Rs 6, 16-17;
(7) Mac 10, 29-30;
Do livro "Hablar con Dios", de Francisco Fernández-Carvajal.